De: presidência da república
Para: josé carlos lima
   
Prezado Senhor,



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Luiz Inácio Lula da Silva
Presidente da República
Praça dos Três Poderes, Palácio do Planalto.
CEP 70150-900 Brasília/DF

Contamos com a sua compreensão,
  

Diretoria de Documentação Histórica
Gabinete Pessoal do Presidente da República.

-----Mensagem original-----
De: jose carlos lima [mailto:ideia70@yahoo.com.br]
Enviada em: sexta-feira, 20 de agosto de 2004 12:38
Para: rflori@hotmail.com; ricardo.paiva@ancine.gov.br; sarney@senado.gob.br; secom@planalto.gov.br; sg@planalto.gov.br; sredat@correioweb.com.br; vpr@planalto.gov.br; yanoribeiro@hotmail.com
Assunto: anamnese-I, 46/70
1.Dormindo, sonhei que estava  descendo rio abaixo, usando como embarcação o talo de uma palha de coco. O talo foi colocado em órbita. Retornou à terra em forma de um grande poste sustentando por várias hastes. Fiquei maravilhando diante  daquela beleza, enquanto que, para  outras pessoas que passavam pelo local, aquilo nada significava. Moral da história: arte de verdade, como uma pintura de Goya, não é bela apenas para seu autor mas para todos, de mamando a caducando.Já o meu post despertou apenas a minha própria atenção  e a de mais ninguém. É preciso se atentar sobre o significado deste sonho, pois este o patamar em que se encontrou a arte atual, que gira em torno do próprio umbigo de quem a faz, olha, é. O resultado disso pode ser uma arte inútil, vazia, que não significa nada, não diz nada, muito pelo contrário, mantêm o status quo, a situação, a padronização, o formato do mundo atual.
2.Então...Tal sonho levou-me a refletir sobre a (in)utilidade disto que estou fazendo e que, no momento, chamo de anamnese enquanto cultura. Responda-me. O que estou fazendo é útil para você? Você tem se interessado, de rocha, em acompanhar esta minha subjetividade que, de tão pessoal, íntimo, pode não despertar, nem um pouco, interesse da sua partel? 
Responda-me:
Isto que estou fazendo não passa de
(      )falta de amar(se)
(      )devaneio
(      )coisa de descambado, descontrolado
(     )uma grande perda de tempo
(     )inconsistente
(      )bobagem
(     )vazio
(     )embrionário, sempre embrionário
(     )idéia, idéia, idéia, somente idéias
(     )eu, eu, eu, eu, somente eu
(    )coisa sem resultado nenhum
(    )coisa amorfa, sem pé nem cabeça
(     )patafísica
(      )blá blá blá
(      )..............(fale)
4.Eu deveria tomar a seguinte atitude
(     )procurar um médico/divã
(     )adaptar-se à realidade retornando para a roça
(     ).......... (fale)
5. A roça.  Os escritos. O assobio. O vento. Quando eu morava na roça, para tocar fogo no mato, precisava do vento. Pra fazer o vento vir, assobiava e, numa espécie de sincronicidade. , o vento  vinha.  Até hoje me pergunto como o vento nos entendia. Como nos ovia? Dias atrás, vi uma coisa que nem sabia que existia: um condomínio de traillers, nos EUA. O  furacão, um vento forte,  deixou à mostra um condomínio de traillers.  Se o vento mostra, tem olhos. Quando ouve, tem ouvidos para ouvir. Talvez tenha pele, cabelos...
6.Cinema imaginário. O filme  a seguir foi projetado imaginariamente.   Roça. Caminhos. Tropeiro. Cavaleiro andante. As marcas do temposol  
Ele conduz consigo  uma grande carta, um cartapácio
Livro velho
Transportado pelo viajante
Amarrado no alforje
No bornal do tropeiros
No lombo do cavalo

Um cartapácio é formado por 70 fragmentos
70 partes, que equivalem a 70 dias
70 dias retirados do mês de 73 dias
cujos nomes dos mês são marte, júpiter, saturno, urano e netuno
feito neste milênio, século, mês, semana, dia, hora, minuto, segundo, grau
numa divisão ainda mais ínfima do tempo, olho, ser

um cartapácio começa na gestação do vivente
liberdade de criar, olhar, ser
totalmente, realmente
exercício de sentir com as pedras, moscas, latas, plantas, aviões, pássaros, átomos, olhos, seres
um cartapácio começa na vida
termina na morte